Carta de Edouard Carmignac

Carta de Edouard Carmignac

Edouard Carmignac escreve sobre questões económicas, políticas e sociais actuais em cada trimestre.

Paris, 1 de julho de 2025

Estimados(as) investidores(as),

Muitas vezes, uma leitura atenta da História pode fornecer pistas importantes sobre o futuro. Por mais trágica e preocupante que a situação se afigure, há esperança para um desfecho positivo da escalada dos conflitos a que assistimos no Médio Oriente.

Olhemos para o Irão, país relativamente ao qual subsistem confusões significativas. Apesar de muitos iranianos já não se considerarem "exclusivamente" persas, não são, em todo o caso, árabes. Já Dario I, em 500 A.C., dominava o Médio Oriente não só pela força dos seus exércitos, mas também por virtude da civilização brilhante de que as ruínas de Persépolis são testemunho. As contrariedades enfrentadas pela Pérsia ao longo dos séculos, nomeadamente as provocadas por conflitos com os seus vizinhos (sendo os Turcos, nesse particular, um exemplo preeminente), não perturbaram a sua sofisticação cultural nem as suas capacidades científicas, conforme fica provado pelos avanços na energia nuclear ou pela produção de temíveis drones. Todavia, persiste a ambição de controlar e mesmo dominar o mundo árabe. E o recurso ao islamismo radical tem-se revelado uma arma poderosa, cuja eficácia é reforçada por dois fatores fundamentais. Por um lado, a existência de Israel enquanto bode expiatório ideal. Por outro, as profundas desigualdades que tiveram origem no desenho do malfadado Acordo Sykes-Picot de 1916, que determinou o desvio da maior parte dos recursos petrolíferos do Médio Oriente para longe das suas regiões mais populosas.

Dito isto, o ataque brutal do Hamas no dia 7 de outubro não foi uma coincidência. Estava prestes a ser anunciado um plano para apoiar a criação do estado da Palestina, financiado principalmente pela Arábia Saudita. Se a contraofensiva israelita, que conta com a intervenção aérea dos EUA, não puser fim ao regime iraniano, deverá pelo menos atrasar o desenvolvimento de uma arma nuclear e, sobretudo, dissuadir o Irão de prosseguir a destabilização no Médio Oriente. Será uma crença irrealista? O plano da Arábia Saudita de criar um estado da Palestina poderia voltar a ver a luz do dia.

E o que dizer quanto aos mercados? O apaziguamento no Médio Oriente vem significando a redução do prémio sobre ativos de risco elevado e, sem surpresas, sobre o petróleo. Este é um desenvolvimento particularmente favorável para a Europa, onde o otimismo quanto às perspetivas de crescimento é ainda maior depois de Friedrich Merz ter posto em prática recentemente, na Alemanha, um importante plano de estímulo económico. A queda dos preços do petróleo, acompanhada pelo relaxamento da pressão inflacionária à escala global, incentiva os bancos centrais a olharem para o futuro com confiança, à medida que continuam a implementar políticas monetárias acomodatícias. O grande empecilho poderiam ser as ameaças de Trump no sentido de alimentar uma guerra de tarifas. Contudo, conforme a previsão que deixámos na última comunicação, tais ameaças parecem afrouxar a cada dia que passa.

O que não faz com que deixemos de olhar com cautela para os ativos norte-americanos. Mantemos a exposição ao dólar reduzida nas nossas carteiras, bem como uma posição com baixa ponderação em obrigações e ações dos EUA, salvo no que diz respeito às ações do setor da tecnologia fundamentais para a onda da inteligência artificial. O enfraquecimento do dólar e a queda das taxas de juro deverão conduzir ao aumento do valor dos ativos de mercados emergentes, que além de proporcionarem oportunidades de investimento atrativas, permanecem subvalorizados.

Com votos de um verão com paz e prosperidade. Melhores cumprimentos,

Edouard Carmignac

Comunicação publicitária

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